segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Movimento final do primeiro capítulo: Jack - O Caçador de Demônios. Chuva Vermelha.

Uma fria e enevoada rua de Londres. Tipicamente fria como as madrugadas na Inglaterra costumam ser. Estava na companhia de meu amigo o jovem Evan, recém ordenado padre pela ordem eclesiástica do Vaticano. Ocasionalmente me acompanhava levado por seu constante interesse pelo oculto. Mas desta vez a procura foi feita diretamente a ele na igreja por Maria, mãe de Matt, um garoto que dizem estar se comportando de maneira peculiar nos últimos meses. Chegando ao endereço fornecido pela mãe do garoto, um dos condomínios no subúrbio da cidade. Tocamos a campainha e logo a jovem de belos cabelos louros, olhos azuis e semblante deveras exausto veio atender, entreabrindo a porta, ainda com a correntinha presa no batente.
- Graças a Deus, Padre... Vamos entrar. Disse a mulher.
- Deus abençoe, filha. Espero que não se importe do meu amigo me acompanhar esta noite.
- Não, de modo algum... Lançando um olhar de curiosidade ao ver minha figura, confesso um tanto diferente, Usando um grande sobretudo de couro preto com forro vermelho, botas pesadas e chapéu. Porte de dois metros de altura e longos cabelos alvos. Felizmente ela não percebeu também a cor dos meus olhos, ocultos pela sombra do chapéu. Um brilho dourado, comum na raça dos Dampyr. O misto de homem com vampiro.
Olhar o qual não retribuí, até mesmo sem me apresentar. Não sou atento à etiquetas, deixo tais a cargo de Evan.
Subimos a longa escada semi-espiral até chegarmos ao quarto do garoto, que tinha cerca de oito anos de idade, nu, olhando para a parede, que continha estranhas escrituras e um pentagrama invertido desenhados com alguma substância escura e pegajosa, que parecia estar há algum tempo encrostada na parede. Um cheiro de carniça emanava do quarto. Logo percebemos alguns pássaros mortos e um gato, já falecido há pelo menos uma semana, devido ao seu estado de decomposição e pelos vermes e moscas que de sua podridão se alimentavam.
Devido ao estado do casulo, supomos que sua mãe já havia deposto de todos os meios de tentativa de controle de comportamento do filho. E julgando pelo estado do quarto, ela teria sido posta à fora inclusive com uso de violência, denunciando as cicatrizes que haviam no rosto e nos braços, conforme tinha mostrado à Evan momentos antes, na igreja.

-Bem, comecemos. Disse Evan apanhando sua bíblia e alguns apetrechos em sua maleta. Estola púrpura, água benta e crucifixo em carvalho.
- In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti... Depois de declinar as bênçãos iniciais, o procedimento era borrifar água benta em movimento de cruz ao corpo à ser exorcizado. Pena que o ato foi interrompido pelo avanço do fedelho tal como cão raivoso querendo rasgar a garganta do Padre.
Saquei meu colt na intenção do que se fazer para calar um animal com hidrofobia quando fui detido pelas mãos da mãe do menino, agarrando meu braço.
No mesmo momento um vulto de olhos brilhantes e força descomunal dispara um golpe selvagem derrubando a mim e a jovem.
Suspeito que havia acompanhado toda a cena na espreita de uma das sombras do quarto, sem mesmo eu ter notado sua presença asquerosa.
Sobre a luminância do luar, o ser revela sua forma, extremamente magra, vestindo um roupão preto em farrapos e calças pretas. não usava sapatos nem camisa. Era careca e tinha as orelhas pontiagudas, olhar vidrado, emoldurado por profundas olheiras escuras como se estivesse sob algum tipo de abstinência. Também rosnava e babava muito. Tinha os caninos pontiagudos.
-Venha. A voz gelada petrificou a moça que se agarrava ainda mais forte no meu braço, me prendendo um pouco os movimentos. Quando finalmente me livrei num puxão nada delicado, e disparei um tiro na criatura, essa se desfez sobre a forma de muitos insetos voadores e grandes... baratas!
Conseguiram quebrar a janela com ajuda do garoto que se lançou num mergulho quase fatal, arrebentando o vidro e correndo pelo jardim até sumir de vista. Pudemos ver a sombra dos insetos fugindo junto com ele.
O padre ainda recuperava o fôlego quando eu disse a ele:
- Vamos Evan!

Saltamos com a agilidade de lobos famintos pelo mesmo lugar que tinham saltado nossos algozes e nos embrenhamos na noite em seu encalço.








Um comentário:

  1. Gostei muito, muito bem descrito os personagens e cenário, era como ver a imagem.

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